quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Levantamento no Bonjardim, Porto


Cores e texturas com sombras de velhas estruturas. Inspiração para um novo trabalho. Uma habitação nova para gente nova num lugar antigo e habitado outrora.


Cores sobre cores como num filme que retenho em antiga memória... Um homem queria mudar o visual da casa que tinha com a sua namorada. Investiu numa máquina de tirar papel de parede. Ia descascando a parede que se mantinha com os papéis limpos e intactos (!) uns sobre os outros em camadas sucessivas; rastos de habitantes anteriores.
Qual astrónomo que olha cada vez mais à distância para observar imagens que ficaram de uma realidade que passou.
Quanto tempo falta até que este ano que agora termina se torne uma destas camadas que se cobrem e que aguardam pacientemente (e de esperanças) uma nova perspectiva?

Indiferente às vidas passadas, o personagem do filme ia descascando até encontrar uma textura mais ao gosto do casal presente.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Começando por uma olhada no arquivo


Hoje terminei o meu estágio à Ordem dos Arquitectos. Um dia engraçado para inaugurar o meu segundo blog. Este, sobre Arquitectura :)
No fim de semana que passou andei a vasculhar por entre tralhas da minha casa de artistas no Porto e (re)encontrei uma relíquia que me parece dar um bom tema para começar. Trata-se de um catálogo de uma exposição que decorreu há cerca de um quarto de século atrás (a idade do meu maninho).

Exposição de Arquitectura
Onze Arquitectos do Porto
"Imagens Recentes"
Uma capa em cartolina, de um verde-estirador, recortada, deixa visível a reprodução da fotomontagem da primeira página (realizada a partir de uma pintura de Magritte). Percebe-se o pormenor de um móvel que me é intimamente familiar por integrar as minhas memórias de infância. Um arquivo para projectos, que na altura eram todos passados a tinta sobre papel vegetal. Meu pai ainda hoje tem um pesado arquivo destes.
A exposição aqui referida saía de Lisboa no dia em que eu completava três anos de idade, para depois se ir mostrar ao Porto. Os painéis dos Arquitectos acompanhavam uma mostra bibliográfica especializada. Na introdução do catálogo, uma frase chama-me a atenção:
"A autenticidade não «está» nas exposições de Arquitectura."
Esta autenticidade de que falam nem nos blogs estará. Mas esperemos que estejam outras, de diálogo.
Nuno Portas (meu professor na faculdade) escrevia no prefácio que havia poucas exposições de projectos de arquitectura.
Seguidamente, vejo as fotografias dos participantes (tão novinhos!), os textos seleccionados (uns descritivos, outros poéticos), os desenhos e os esquiços (uns apontamentos, outros rigorosos).
Adalberto Dias
Álvaro Siza
Domingos Tavares
Pedro Ramalho
Nuno Lopes
Fernando Távora
Pulido Valente
Alcino Soutinho
Souto Moura
Francisco Melo, José Gigante e Jorge Gigante
Rolando Torgo
Meu pai, que neste 1983 andava de volta do relatório de estágio, tinha já sido aluno do Távora. Hei-de procurar uma fotografia (anda lá por casa, no meio da confusão) em que estão os dois numa aula. Uns anos mais tarde fui eu aluna de alguns destes senhores (os primeiros quatro da lista) e fiz o meu estágio à Ordem com o Nuno como patrono. Ah! E também tenho que pedir ao meu pai para me contar direitinho como foi aquela história de ter sido preso com o Pulido Valente à custa de um mal entendido qualquer. Quando tiver os detalhes, conto por aqui ^^